25/07/2014
Atualizada: 25/07/2014 00:00:00


Mulheres negras se reuniram durante a manhã desta sexta-feira (25), Dia Nacional de Teresa de Benguela e da Mulher Negra, no auditório do Banco do Brasil, localizado no Centro de Maceió, para o lançamento da Marcha das Mulheres Negras contra o racismo e pelo Bem Viver. “Hoje é um dia de reflexão, por nossas jovens negras que ainda sofrem com o racismo no Brasil. De hoje até maio de 2015 estaremos em marcha para discutir o racismo, o machismo e todos os ‘ismos’ que não têm mais espaço numa democracia”, disse  a médica em saúde mental, Regina Nogueira.

De acordo com Regina, já existem políticas a nível federal para que sejam desenvolvidas ações contra a descriminalização na mulher negra no país. “São mais de 120 anos após a abolição da escravatura e ainda nos falta garantias de direitos. Necessitamos do reconhecimento da humanidade completa e incondicional. A escravidão nos fez diferentes e precisamos todos andar de mãos dadas contra o racismo que ainda persiste na nossa sociedade, como mostram os índices sociais”.

Regina Nogueira explica ainda que o termo “bem viver” significa que as mulheres negras querem apenas estar bem, viver bem, em harmonia e equilíbrio.

A professora universitária, Vanda Fonseca,explicou que ao longo no ano serão realizadas oficinas como a de hoje, para se discutir o racismo e o bem viver da mulher negra. “Nosso ponto reivindicatório é discutir o racismo. Os índices sociais mostram que os nossos jovens negros são as maiores vítimas da violência e exclusão social do país, e são as nossas mães negras as que mais sofrem. Alagoas então, é o estado onde mais se mata jovens negros no país”.

A diretora de Política Cultural da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Alagoas (Adufal), professora Angela Brito, reforçou que a Marcha das Mulheres Negras 2015 é uma forma política de reivindicar direitos negados à mulher negra. “Desde a época da abolição que são feitas essas políticas mas os índices sociais continuam alarmantes, como a mortalidade materna, infantil e desnutrição. A Marcha é uma forma de nos tronarmos visíveis. Temos que lutar contra o extermínio da população negra! Temos que gritar nossos direitos”, enfatiza.

Fátima Viana, professora do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) e uma das organizadoras da Marcha, disse que o evento deve contribuir para que as políticas públicas específicas para as mulheres negras, sejam implantadas. “Estamos discutindo o espaço da mulher negra na educação pública, na saúde pública e também queremos despertar a sociedade para a luta contra o racismo. É importante que a população tenha conhecimento e participe”.

A professora reforça ainda que a Marcha é um alerta, já que ainda não se vê um interesse público para trazer um assunto à tona. “As pessoas sabem que o problema existe, mas quando é noticiado que mais um jovem negro sofreu violência, ele é só mais um para as estatísticas”.

Para a professora universitária, Maria Aparecida, o Marcha é fundamental para se dar mais visibilidade à descriminalização que a mulher negra ainda está submetida dentro da sociedade brasileira, devido ao racismo difuso. “Temos que nos organizar no sentido de propor políticas, objetivando consolidar o lugar social da mulher negra, enquanto sujeito de direitos e sobretudo, contribuir para a construção de uma nova sociedade, com parâmetros nos ideais democráticos, solidários, amorosos e sem racismo, sem homofobia, sem lesbofobia, visando a construção de uma sociedade de paz e respeito às diversidades raciais, étnicas, religiosas e sexuais”.

Mulheres Mil

Duas mulheres em especial estavam presentes na reunião, as donas de casa Marayland do Carmo e Adriana Silva. Elas participam do projeto Mulheres Mil, tendo como uma das idealizadoras a professora do Ifal, Fatima Viana. “É um projeto de capacitação para mulheres como nós, que achávamos que não teríamos mais oportunidades para mudar de vida e nem realizar nossos sonhos. O projeto veio abrir novas portas com cursos de confeiteira e gastronomia do pescado”, explicou Marayland.

As mulheres, alunas do projeto, afirmam que a partir dos Mulheres Mil, puderam se dedicar a novos projetos de vida e realizar sonhos que antes elas achavam que não conseguiriam.

 

Thayanne Magalhães

MTE 1335

Ascom Adufal 


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