20/01/2016
Atualizada: 20/01/2016 00:00:00


A direção do Hospital Universitário Antonio Pedro (Huap) da Universidade Federal Fluminense (UFF) convocou na terça-feira (19) uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo do hospital para esta quinta-feira (21), às 10h, no anfiteatro da Procuradoria da União, situado no 7° andar da Rua São Pedro, 24, no centro de Niterói (RJ). O Huap é um dos três hospitais universitários do Rio de Janeiro que ainda não assinou contrato com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), devido à força da campanha promovida pelos movimentos em defesa da saúde pública e da autonomia universitária e contrários à empresa. 
 
Embora a convocatória não mencione o tema da reunião, de acordo com Gustavo Gomes, vice-presidente da Associação dos Docentes da UFF (Aduff - Seção Sindical do ANDES-SN), é quase certo que a pauta será sobre a adesão do Hospital Antonio Pedro à Ebserh, devido ao fato da reunião ser fora das dependências da UFF, o que evidencia a posição favorável da direção do Huap e da administração central da universidade em aprovar o contrato com a Ebserh, que passaria a gerir a unidade hospitalar. 

“Nos causou estranheza o agendamento dessa reunião em cima da hora e em um local fora da universidade. Fazer uma discussão sobre o futuro do Huap fora da universidade é algo sem cabimento, parece que a reitoria e o diretor do hospital querem evitar o debate com a comunidade acadêmica, afastando a discussão e, uma possível, deliberação nos espaços da UFF”, critica. Ações semelhantes, com a ausência de diálogo e deliberação fora dos espaços das universidades, também marcaram a adesão de outras instituições à Ebserh, como foi o caso da UFPR e UFSC, entre outras
 
No dia 12 de janeiro deste ano ocorreu a primeira reunião do Conselho sobre o tema, diante de um auditório lotado nas dependências do Huap, e que contou com a participação massiva de trabalhadores do hospital, docentes, estudantes e pacientes do hospital. Estiveram presentes, além do diretor do hospital Tarcísio Rivello, o reitor da UFF, Sidney Mello, o vice e pró-reitores. O vice-presidente da Aduff SSind. afirma que mesmo com a participação em peso dos representantes da comunidade acadêmica e usuária do hospital na reunião, não houve um debate de fato. 
 
“Os conselheiros que têm uma posição contrária à Ebserh tiveram dificuldades em se manifestar. E com muito esforço conseguimos abrir um espaço para a professora do Instituto de Saúde Coletiva e diretora do ANDES-SN, Claudia March, fazer um contraponto. E não foi possível realizar o debate depois. Então, nunca houve um debate nas instâncias democráticas da UFF para a comunidade se expressar”, repudia Gomes.
 
Para Gustavo Gomes existe um processo antidemocrático em curso na universidade. Ele ainda ressaltou o trabalho da Aduff SSind., junto à comunidade acadêmica, na busca de soluções para a crise no HU que se oponham à terceirização e à privatização, que defendam a gestão pública e cobrem do governo os recursos que ele tem a obrigação de assegurar para a universidade e a saúde pública.
 
O diretor da seção sindical do ANDES-SN convida toda a comunidade acadêmica a participar da reunião e pressionar para que haja um debate real sobre o assunto. “Estamos fazendo um esforço de mobilização para comparecer a esta reunião, até para questionar o local escolhido. Exigimos que se estabeleça uma agenda de debates e que se abra efetivamente a discussão sobre o hospital da escola fluminense. Temos que garantir primeira a democracia”, ressaltou. 
 
Crise no Huap
 

No final de 2015, devido à crise acentuada e o subfinanciamento crônico do Huap, docentes, técnicos-administrativos e estudantes realizaram atos para pressionar a reitoria da UFF e a direção do hospital pelo retorno urgente das atividades de ensino, pesquisa, extensão e assistência no Huap. Em outubro do ano passado, o diretor do hospital universitário suspendeu as internações não emergenciais no hospital de forma unilateral, sem comunicar aos estudantes, funcionários e docentes do Huap. As internações estão suspensas até hoje. (Veja aqui sobre a situação dos hospitais universitários do Rio
 
A comunidade também temia que a precarização do hospital estivesse ligada à tentativa do governo federal de implementar a Ebserh. O diretor da Huap chegou a convocar reuniões sobre a Ebserh, sempre desmarcando, como a que ocorreu na reunião do Conselho Deliberativo do Huap, marcada para dezembro de 2015 e que não ocorreu sob alegação de falta de quórum, mesmo com o pedido de mais de 100 pessoas, entre docentes, técnicos-administrativos e estudantes, para que o debate fosse realizado.

 

Confira o Boletim Especial sobre a Ebserh produzido pela Aduff SSind.

 

Com informações e imagem da Aduff SSind.

Fonte: Andes - SN

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