20/03/2013
Atualizada: 20/03/2013 00:00:00
Acabou na tarde desta quarta-feira (20) o depoimento do ex-prefeito de Satuba, Adalberon de Moraes, no julgamento do caso Paulo Bandeira. Adalberon foi o primeiro dos quatro réus a ser ouvido em juízo. O professor foi encontrado amarrado por uma corrente ao banco de seu carro, em junho de 2003, com o corpo totalmente carbonizado. A possibilidade de Paulo Bandeira ter cometido suicídio, que já havia sido levantada pela defesa do réu, foi suscitada por Adalberon em seu depoimento.
Para tentar emplacar sua tese, Adalberon lembrou-se de três mulheres e uma criança que disseram ter visto o professor – no dia e no local onde foi encontrado carbonizado – ao lado do veículo com uma garrafa pet no chão.
“Eu estava preso quando soube que três mulheres da zona rural ‘espalharam‘ por Satuba que tinham visto o professor Paulo Bandeira ao lado do carro com uma garrafa pet próxima a ele. Inclusive, deram até ‘boa tarde‘ a ele. Se ele se matou, eu não posso dizer, assim como também não posso afirmar o que havia dentro da garrafa. É estranho. Mas eu não matei nem mandei matar absolutamente ninguém”, afirmou Adalberon.
Em parte do seu depoimento, enquanto respondia a pergunta feita pelo defensor público e advogado de defesa de Marcelo José – assessor do ex-prefeito e acusado também pela morte de Bandeira –, Adalberon voltou a atingir a polícia e as investigações que o levaram a sentar-se no banco dos réus como autor intelectual. As declarações do ex-prefeito chatearam o juiz John Silas.
“Nunca vi o Marcelo brigar ou bater em quem quer que seja. Inclusive, se a investigação desse caso fosse séria, ele não estaria preso ou seria citado em um caso monstruoso como esse”, acusou o ex-prefeito.
“Com isso, o senhor quer dizer que a polícia, a Justiça e toda essa investigação não são sérias, é tudo errado. Ninguém sabe fazer o trabalho correto?”, questionou em tom mais áspero.
A respeito dos cartazes que Paulo Bandeira colava na escola, Adalberon disse que nunca viu cartaz algum e, por conta disso, não determinou que a diretora Nancy Lopes tirasse tais cartazes do mural da Escola Maria Josefa da Costa.
O réu também disse que Nancy brigava muito com Paulo Bandeira, o que motivou o pedido de exoneração dele do cargo de supervisão geral da escola.
Partido de ex-vice-prefeito recebeu R$ 30 mil por candidatura
Adalberon ainda disse que seu vice-prefeito, à época, em Satuba, José Zezito, que depôs ontem no julgamento, mentiu quando afirmou que foi vice na chapa do acusado por pedido de Adalberon e apelo da sociedade. Segundo Adalberon, o partido de Zezito recebeu R$ 30 mil pela candidatura. Por determinação do juiz John Silas, a informação passou a constar dos autos do processo para investigação.
“O Zezito mentiu no depoimento que deu aqui e o senhor, seu juiz, pode mandar investigar porque ele não foi meu vice-prefeito porque pedimos ou algo do tipo. Para ser vice-prefeito, ele e o partido dele receberam R$ 30 mil. Então não dá para acreditar em um senhor que mentiu ou omitiu informação em juízo”, arrematou Adalberon, acrescentando que tratou José Zezito como um irmão e hoje se sente traído por ele.
“Ele mentiu e omitiu tudo aqui no depoimento dele porque tinha a ganância de ser prefeito”, afirmou.