Fundada em 13 de dezembro de 1979, a trajetória da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Alagoas (Adufal) inicia em um dos períodos mais difíceis da história do país: a ditadura empresarial-militar. Essa conjuntura foi especialmente desafiadora para a universidade pública, que enfrentava duros cortes orçamentários, e aqueles que a defendiam eram fortemente perseguidos.
A criação da entidade representou um ato de força e coragem em defesa da educação pública, dos direitos docentes e da autonomia universitária, princípios que seguem norteando a atuação da Adufal até os dias atuais.
Na imagem, professores/as da Ufal participam da “Caminhada em Defesa da Educação”, primeiro ato público convocado pela Adufal, realizado em 28 de novembro de 1980, em Maceió, em razão da primeira greve nacional dos docentes. Foto: Arquivo Adufal
A articulação para a fundação da Adufal iniciou no dia 7 de novembro de 1979, quando ocorreu a primeira reunião com o objetivo de criar uma associação representativa dos docentes da Ufal. O encontro foi realizado no auditório da antiga Reitoria da universidade — local onde atualmente funciona o Espaço Cultural Salomão de Barros Lima.
Na lista de presença da reunião, consta as assinaturas de 37 professores/as, no entanto, há a possibilidade de que mais docentes estivessem presentes naquele encontro, uma vez que o país ainda estava sob o controle da ditadura militar, período em que os/as docente eram aconselhados a não assinar a lista de presença de reuniões como aquela, de organização política e sindical.
O encontro foi marcado por discussões pertinentes ao contexto político da época, e deliberações que foram determinantes para a criação da Adufal. Entre as pautas centrais estavam: a vivência sob o regime da ditadura militar; a necessidade urgente de organização sindical dos/as docentes; a defesa da universidade como instituição pública, gratuita e de qualidade; e a busca por melhores condições de trabalho e dignidade salarial.
Ao final daquela reunião no dia 7 de novembro, foi eleita a diretoria provisória da entidade, responsável pela Associação até que fosse eleito e empossado o 1º Conselho Diretor da Adufal. A presidência provisória ficou sob responsabilidade do professor Renato Gama Vieira da Silva, enquanto a professora Maria Mendes de Santana assumiu o cargo de secretária e o professor José Braga de Lyra foi designado como tesoureiro.
Esta diretoria, mesmo provisória, foi a responsável por realizar os encaminhamentos necessários para a criação a Adufal — oficialmente fundada no dia 13 de dezembro de 1979, durante a primeira assembleia geral dos docentes da Ufal — e para a consolidação da entidade como espaço de representação, luta e defesa dos direitos da categoria docente.
Atuando em um cenário de repressão e censura, a Adufal tornou-se uma voz ativa contra os abusos do regime militar, destacando-se como uma força política e social comprometida com a transformação do país.
Nos primeiros anos da Adufal, o grupo responsável pela gestão da entidade possuía uma estrutura diferente da atual. Os/as docentes filiados/as à Associação elegiam, na verdade, um Conselho Diretor. Dentro desse Conselho teria os indicados a compor a Diretoria Executiva da Adufal, enquanto os demais integrantes seriam conselheiros e conselheiras para representar as unidades acadêmicas da universidade, o que, atualmente, é conhecido como Conselho de Representantes.
O 1º Conselho Diretor da Adufal foi eleito em 1980, em um pleito com chapa única e que contou com a participação de 210 docentes. O grupo era composto por 15 membros titulares e cinco suplentes.
Na Diretoria Executiva estavam os professores Marcelo Lavenère Machado (presidente), Gilberto de Macedo (vice-presidente), Renato Gama Vieira da Silva (primeiro-secretário), a professora Maria Mendes de Santana (segunda-secretária) e o professor José Bento Pereira Barros (tesoureiro).
A Adufal teve participação decisiva na fundação do ANDES-SN. A entidade esteve presente no III Encontro Nacional de Associações Docentes, realizado em fevereiro de 1981, ocasião em que foi discutida e criada oficialmente a Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior, a Andes, que anos depois se tornaria o ANDES – Sindicato Nacional.
O professor Amundson Portela, representante da Adufal no encontro, acabou assumindo o cargo de vice-presidente da Regional Nordeste I, na primeira diretoria da Andes, grupo que reunia as Associações Docentes de Alagoas, Bahia e Sergipe.
Foi nesse contexto, então, que o ANDES-SN nasceu, inicialmente como uma associação nacional e com a Adufal integrando ativamente os debates e deliberações que resultaram em sua criação.
No decorrer de sua trajetória, a Adufal sediou, realizou e participou de atividades de grande relevância para os/as docentes e para a luta em defesa da educação pública. A Associação sediou, por exemplo, o XXIII Conad do ANDES-SN, em novembro de 1991, que foi realizado no Espaço Cultural da Ufal, na Praça Sinimbu, em Maceió.
Entre 2012 e 2013, a entidade protagonizou mais uma importante mobilização ao posicionar-se contra a adesão do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA) à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Mesmo após a aprovação da adesão pelo Conselho Universitário (Consuni) da Ufal, a entidade seguiu atuante nas articulações locais e nacionais contra a medida, acompanhando os protestos que se espalhavam por diversas universidades brasileiras naquele período.
Em continuidade ao seu compromisso com a base docente, a Adufal realizou, em 6 de maio de 2016, a inauguração de sua subsede no Centro de Interesse Comunitário (CIC) do Campus A. C. Simões da Ufal, após um intenso processo de reivindicação iniciado em 2013. A entrega do espaço consolidou uma antiga demanda e representou um avanço importante para ampliar a presença física da Adufal, favorecendo o diálogo direto com os/as docentes e fortalecendo sua atuação sindical no cotidiano universitário.
Ao longo da sua história, a Associação participou efetivamente de cerca de 20 greves nacionais, deliberadas no conjunto da base nacional da categoria docente, sempre com o propósito de defender os direitos dos/as professores/as e a educação pública.
A entidade tem atuado com compromisso ético e político; na defesa da universidade como um organismo de ensino, pesquisa e extensão, público, gratuito, laico, de qualidade e socialmente referenciado; de seus/as docentes e por seus direitos trabalhistas; e ou por quem ou o que estiver sendo ameaçados/as em sua dignidade e em seus direitos.
A Adufal segue firme na luta em defesa do Estado Democrático de Direito, pela garantia dos direitos trabalhistas, contra a terceirização dos serviços públicos e toda e qualquer iniciativa que atue contra a dignidade e os direitos humanos dos/as trabalhadores/as.
Em comemoração aos seus 45 anos, a Adufal lançou, no dia 13 dezembro de 2024, o livro “Adufal 45 anos: uma trajetória de luta e compromisso com a educação”, que destaca momentos marcantes da sua história, entre eles as greves, mobilizações e conquistas resultantes da luta em defesa dos direitos dos/as professores/as da Ufal, da educação pública e da universidade como espaço democrático.
Foto: Karina Dantas/Ascom Adufal
A obra resgata e fortalece a memória da entidade, valorizando a trajetória de resistência da Associação e reafirmando seu compromisso com a categoria docente, podendo ser vista, também, como uma ferramenta para inspirar as futuras gerações a darem continuidade à luta por uma universidade pública, gratuita e de qualidade.
O livro está disponível para retirada na sede da entidade e, também, para download gratuito clicando aqui.
E não seria possível traçar a história da Adufal sem deixar de citar a música “Para não dizer que não falei das flores”, do poeta Geraldo Vandré, lançada no mesmo ano da criação da Adufal, — e que também era cantada pelo povo nas lutas pelas Diretas Já, nos anos 80:
“Caminhando e cantando e seguindo a canção. Somos todos iguais, braços dados ou não. Nas escolas, nas ruas, campos, construções, caminhando e cantando e seguindo a canção.
Vem, vamos embora, que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.”
Assim é a Adufal, em sua firmeza sindical, com autonomia, coragem e luta, mantendo-se sempre atenta para defender os direitos dos/as docentes, a educação e a universidade pública.
— Adufal, seção sindical do ANDES-SN, autônoma e independente, possui sede própria com endereço na Rua Dr. José de Albuquerque Porciúncula, 121, Farol, Maceió, Alagoas; além de uma subsede, instalada no Centro de Interesse Comunitário (CIC) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
Fachada da sede da Adufal, em 2025. Foto: Ascom Adufal